quinta-feira, 21 de abril de 2011

Cruz, instrumento de vida

Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus. I Co 1:18

No contexto da história, a cruz representa a mais humilhante forma de condenação, na qual o criminoso executado era publicamente apresentado como sinal de vergonha. Os registros revelam que a crucificação era empregada por vários povos do oriente e seu grau de aplicação atingia os mais desumanos tratos ao condenado. Em geral, essa punição capital era instituída para ofensas contra o Estado, mediante a qual se tratava de modo eficaz qualquer resistência à autoridade. A punição pela crucificação era considerada uma medida disciplinar para a manutenção da autoridade existente. Por isso, ela era realizada em local público e aberto. A cruz era instrumento de suplício, de modo lento, lancinante, chegando ao fim por sufocação ou exaustão. A cruz resumia o extremo da dor física com a dor moral e emocional. O condenado era esvaído de sua humanidade.

A praxis romana partia da convicção legal. O condenado recebia a pena e era levado ao flagelo. Depois, tinha que carregar o patibulum, a viga transversal, às costas até o local da execução, fora da cidade, diante de todo o povo. Antes da execução era despido e torturado severamente como forma de humilhação e, então, era amarrado ou fixado com pregos, erguido e exposto como exemplo até a morte.

A esse tipo de morte, reservada aos piores criminosos, Jesus foi condenado. E ali expirou.

Alguma coisa aconteceu no reino espiritual. Um provável alvoroço percorreu as hostes malignas, antes anjos de luz, ora anjos caídos, sem nenhuma alegoria, em júbilo pela aparente vitória sobre o Filho de Deus. Mas, a cruz teve mais a dizer. Ela ficou vazia.

A cruz de Cristo não deve ser entendida como um evento isolado na história, mas como um ato de Deus que mudou o rumo da humanidade. Sua crucificação é o evento salvífico que transforma radicalmente o homem, substituindo sua natureza decaída, habilitando-o a receber o Espírito de Deus e Sua santidade.

A teologia da cruz nos apresenta Cristo crucificado como ato decisivo e definitivo de Deus na salvação. Sua ressurreição não elimina Sua crucificação. Sua exaltação não anula Sua humilhação diante de morte tão vergonhosa. Por meio de Sua glorificação, humilhação e morte são alçadas em poder como sinal da salvação. Jesus Cristo, que tomou para si a condenação destinada ao homem, Ele, homem, vive em razão do poder criador de Deus que ressuscita, que regenera, que nos traz de volta o imago dei.

Todo aquele que se apodera dessa nova existência determinada pela cruz, vive na esperança fundamentada no mesmo ato de Deus, que levantou Cristo da morte. O poder vindo da cruz. Cristo morreu e, assim, os cristãos também morreram. Desta forma, foram crucificados com Cristo e libertados do poder da lei, do pecado e das forças do mal.

A cruz é o centro da história, o divisor de águas da humanidade, pelo meio da qual Deus fará convergir todas as coisas, reconciliando-as em Cristo, em Seu sangue ali derramado.

A cruz, vazia, é o maior símbolo dos cristãos. É o estandarte da nossa fé. O sinal que aponta para o Redentor que veio para assumir nosso lugar e nos reconciliar com Deus Pai. Que assinala a sentença de vida a todos os que espontaneamente se entregam à Sua graça e amor.

A cruz, para nós, é instrumento de vida.

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Bibliografia
Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento
Coenen, L. & Brown, C.
Ed. Vida Nova