domingo, 9 de março de 2014

Descansa minha alma

"Eu amo o Senhor, porque Ele me ouviu quando lhe fiz a minha súplica. Ele inclinou os Seus ouvidos para mim; eu O invocarei toda a minha vida. As cordas da morte me envolveram, as angústias do Sheol vieram sobre mim; aflição e tristeza me dominaram. Então, clamei pelo nome do Senhor: livra-me, Senhor! O Senhor é misericordioso e justo; o nosso Deus é compassivo. O Senhor protege os simples; quando eu já estava sem forças, Ele me salvou. Retorne ao seu descanso, ó minha alma. Porque o Senhor tem sido bom para você!" - Sl 116:1-7

Esse texto fala por si. Frequentemente somos atribulados pelas agruras da vida e nos vemos diante de situações que nos afligem, que tiram a nossa paz. Enfermidades, pressões no trabalho, preocupações as mais diversas, finanças, enfim.

Este Salmo faz parte dos saltérios entoados durante as celebrações da Festa dos Tabernáculos. São cânticos de louvor e gratidão a Deus pelos Seus cuidados sobre o Seu povo. O 116, foi composto por alguém que passou por experiências duras, de morte e angústia, mas que sabia em quem podia confiar. E, no profundo da dor, clamou ao Senhor. 

Faz lembrar do episódio de Jesus com os discípulos, no mar da Galiléia, quando foram pegos por uma tempestade e as ondas cobriam o barco. Eles estavam atravessando a tormenta vislumbrando a morte eminente, até que lembraram que Jesus estava no barco com eles. Então, clamaram por Seu nome. Bastou uma ordem para que a natureza reconhecesse a voz do Criador. A mesma voz que ordenara: "Haja luz!” E, assim, a tempestade cessou e eles provaram a bonança.

O salmista conhecia seu Senhor: misericordioso, justo, compassivo, protetor, salvador. Por isso, com fé, ele pode aconselhar sua própria alma: “Retorne ao seu descanso”. Descanse! Experimente a paz, em meio ao turbilhão, porque o Senhor é bom!

Quando olhamos para a nossa realidade, no nosso contexto, e, assim como o salmista depositamos nossa confiança no Senhor sem ressalvas, provamos de Sua companhia, comunhão e amor.

Descansa, minha alma! O Senhor tem sido bom pra você! Descansa, minha alma! O Senhor está no controle!


Copyright © 2014 Daniel Belmont Filho

Deus, acima dos céus, Deus em nós


"Pois como os céus se elevam acima da terra, ASSIM é grande o seu amor para com os que o temem; e como o oriente está longe do ocidente, ASSIM ele afasta para longe de nós as transgressões." (Sl 103:11,12 – NVI)

O Salmo 103 é um dos hinos de Davi. Um convite ao louvor com alegria a YHWH. Apresenta qualidades e atributos pelos quais Ele deve ser louvado, pelas Suas obras, pelo que Ele é.

Uma das personagens bíblicas mais expressivas e controversas, Davi demonstrou através de sua história, que ele andava com Deus. Que a despeito de seus erros, tinha um coração voltado a Ele. Seus momentos de quebrantamento e reconhecimento em adoração são escancarados. Somente quem vive com o Senhor e experimenta de Sua comunhão no seu cotidiano é capaz disso com tanta paixão.

Davi reconheceu a soberania e a grandeza de Deus, comparando-as à imensidão do universo. E o curioso é que ele, Davi, não tinha noção dessa dimensão, como a ciência já nos revelou. Quando vemos imagens que o homem conseguiu registrar do cosmos, e do quanto somos insignificantes frente à imensidão do universo criado, nos sentimos limitados, pequenos demais, poeira na amplidão.

Mas, infinito mesmo é Deus. Mais, alto que os céus é o Seu amor. E, que amor é esse que nos recebe e acolhe sem restrições. Que a despeito de nossa infidelidade e inconstância, continua nos chamando para a comunhão, para afastar de nós o pecado que nos assedia e constantemente desvia nossos olhos da cruz. Comunhão que nos traz Sua paz, graça, misericórdia, que nos convence e converte, que nos leva a tomarmos cada dia a forma e caráter de Seu Filho, Jesus.

Sem querer, Davi estabeleceu um padrão para nós. Mesmo frente à sua limitação e pequenez, aprendeu pelas suas experiências a reconhecer o Senhor em Sua grandeza. E, ao mesmo tempo, Seu amor de Pai. Assim, nós também podemos experimentar, através da comunhão com Ele, essa relação de proximidade, intimidade, cumplicidade – uma relação de amor, pois Ele está perto, Ele está em nós.


Copyright © 2014 Daniel Belmont Filho

Praticantes da Palavra

"Sejam praticantes da Palavra e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos." Tg 1:22-25

Esse texto traz uma verdade espiritual e religiosa que todos concordamos, mas nem sempre praticamos. Ser membro de uma igreja, frequentar seus serviços, fazer parte de ministérios, NÃO É SUFICIENTE!

Não é virtude ouvir sermões, como se isso fosse um medicamento espiritual. Se nossa motivação for a busca da solução de problemas ou simplesmente da saciedade espiritual/religiosa – isso não impressiona a Deus! DEUS DETESTA RELIGIOSIDADE!

"Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo?" Is 58:6

Isaías está falando da justiça de Deus. A justiça de Deus é a retidão de sua natureza, aquilo pelo qual faz o que é reto e de igual medida. É o padrão de eqüidade (igualdade, retidão, imparcialidade). A justiça é a perfeição da natureza divina. Aristóteles disse: "A justiça engloba em si todas as virtudes". Dizer que Deus é justo é dizer que é tudo o que há de excelente: as perfeições se encontram nEle como linhas que convergem para um centro.

Ele não é somente justo, mas a própria justiça.

Na igreja encontramos muitos "teístas teóricos" e "ateus práticos”.

Teístas teóricos – o teísta crê na existência de um deus (ou de deuses). E se houver muitos deuses, há um ser maior que comanda todos eles. Gente que crê num deus distante, indiferente aos problemas dos homens, preocupado e ocupado com coisas mais importantes.

Ateus práticos – pessoas que vivem como se Deus não existisse; não há espaço para Deus em suas vidas; e o fato de Deus existir, não faz nenhuma diferença prática. Pessoas que ouvem, que defendem, que argumentam em favor das Escrituras – MAS, CONHECEM A PALAVRA SOMENTE PELO INTELECTO, NÃO PELO CORAÇÃO.

Tornam-se, também, hereges práticos: conhecem o cristianismo, mas não experimentam a verdade de suas doutrinas, mediante uma vida prática. Buscam na Palavra os textos fora de seus contextos, para justificarem seus interesses. Creem no que Paulo chamou de “outro evangelho” (Gl 1:8), não o evangelho de Jesus de Nazaré.

Parece que essas pessoas creem no evangelho fácil, que uma vez professado, o habilita a receber bens materiais e a desfrutar do céu e a eternidade, sem a necessidade de uma real conversão e transformação moral, segundo a imagem e a natureza de Jesus Cristo. Gente que não entendeu o “tome a sua cruz e siga-me”.

O OUVIR SERÁ INÚTIL SE NÃO LEVAR À PRÁTICA DE UMA VIDA SANTA.

"Porque não são os que ouvem a Lei que são justos aos olhos de Deus; mas os que obedecem à Lei, estes serão declarados justos." Rm 2:13

Em Tg 1:23, somente ouvir da Palavra, é comparado ao homem que contempla num espelho o seu rosto. Contemplar sugere um "olhar de relance" que deixa apenas uma impressão casual. A Palavra de Deus é como um espelho da alma que nos mostra como somos. Ela nos desnuda e expõe nossas imperfeições! Mas, também, nos chama à metanóia, a mudança de mente, de pensamento, de atitudes.

Se não permitirmos que ela nos leve à conversão e transformação, é porque lhe demos apenas um "olhar de relance", e essa impressão logo se desfará.

Ser praticante indica uma ação contínua e pede um hábito de vida. Ao estuda-la, nela meditando e pondo-a em prática na vida diária, então, seremos bem-aventurados.


Copyright © 2014 Daniel Belmont Filho

Fonte de água viva

"Jesus respondeu: quem beber desta água, terá sede outra vez, mas quem beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede. Ao contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna." (Jo 4:13,14 – NVI)


Neste episódio, que nos é bem conhecido, Jesus mostrou mais uma vez que veio quebrar paradigmas culturais e religiosos. Ao se dirigir a uma mulher, mulher samaritana, com uma situação conjugal desregrada, Ele revelou mais de Seu caráter redentor disponível a todo aquele que dEle se aproxima, sem distinção. Ele olhou para o interior daquela mulher que estava sedenta de vida, e ofereceu-lhe muito mais do que aquela fonte de água poderia lhe dar: uma fonte eterna de vida, e vida em abundância a ponto de ela tornar-se, também, uma fonte a jorrar para saciar a sede de tantos quantos chegassem a ela.

Numa cidade como São Paulo, revestida de asfalto e concreto, não é comum vermos uma nascente de água. Mas, basta nos afastarmos um pouco dos limites urbanos para encontrarmos. A água brota da terra e escorre como um veio, que logo se transforma num riacho e depois num rio caudaloso. A temperatura dessa água é ideal para saciar a sede dos que dela vem revigorar-se. Entretanto, essa saciedade é temporária. Logo, logo será necessário recorrer a ela novamente, pois o seu consumidor tornará a ter sede. A satisfação plena jamais será conseguida nesse plano terreno. Somente na pessoa de Jesus é que há verdadeira satisfação e saciedade da alma.

A mulher samaritana é para nós um tipo de todos os que se deixam envolver pelas coisas terrenas, que buscam a saciedade primitiva de sobrevivência nas fontes erradas, efêmeras, sem nunca terem suas vidas satisfeitas.

A fonte que é Jesus, a fonte que salta (este é o termo) para a vida eterna, oferece um abundante suprimento para todas as necessidades humanas, pois ela sacia não só a sede momentânea, circunstancial, ela significa revitalização, transformação, regeneração, nova realidade de vida a ponto de tornar o indivíduo um agente transmissor de vida, num processo que durará toda a sua jornada terrena até a eternidade.

Esse dom do Espírito do Senhor Jesus está em nós. Que o nosso dia-a-dia não nos afaste de sermos saciados por essa Fonte e de nos tornarmos, também, fonte a jorrar – saltar – vida por onde andarmos.

Graça e paz

"A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo." Rm 1:7b

Esta é a forma comum com que o apóstolo Paulo saudava os irmãos em todas as suas cartas. As palavras "graça" e "paz" indicam a união dos modos grego e hebraico de saudar.

O grego: “kaíro”, que significa literalmente "alegra-te". O hebraico: "shalom", "paz". Ao unir as duas formas de saudação, Paulo substitui a palavra "kaíro" por outra que tem sonoridade semelhante, "káris", que significa "graça", "favor", um termo que é caracteristicamente cristão. De imediato, essa saudação nos fala da universalidade da salvação que marcou o apostolado de Paulo, ao levar o evangelho aos gentios. A boa nova de que não apenas Israel era o povo escolhido, mas que em Cristo nos tornamos o Israel de Deus, a Sua igreja. Esses dois termos estão recheados de conteúdo teológico e resumem o evangelho da salvação pregado por Paulo.

Graça é o favor imerecido de Deus ao homem – Ef 2:8.

É a fonte da salvação, o favor livre de Deus, independente de qualquer mérito ou obras humanas. Deus redime o homem de modo totalmente à parte de seus méritos pessoais, e não em cooperação com os mesmos, pois a salvação vem pela fé, independente de obras – Rm 3:24,28.

Graça veio significar não somente misericórdia para com quem não a merecia, mas ainda todas as bênçãos dispensadas por Deus. Exprime o amor de Deus exercendo-se livremente e em toda a justiça para com o culpado perdoado. Paz evoca o descanso de Deus concedido a todos aqueles que são objeto de Sua graça. Primeiro a graça e depois a paz, ambos concedidos por Deus Pai, por meio do Deus Filho, na ação do Deus Espírito.

A essência da doutrina da graça é que Deus é por nós, mesmo quando nós mesmos somos contra Ele. A graça de Deus gera a graça no coração do homem tornando-o solidário.

Paulo emprega a palavra "salvos" sempre no modo presente, que indica uma ação contínua – a "salvação progressiva" (santificação).

A graça não é um "programa de doação divino" (não é um "Criança Esperança"). Ela não anula a responsabilidade humana e requer dela uma contrapartida:
·        a entrega da vida a Cristo;
·        a aceitação de Sua morte e ressurreição em seu lugar;
·        uma vida separada para Deus;
·        que leva o homem a olhar para o próximo com graça e misericórdia.

Paz é a consequência da salvação pela graça de Deus, através de Jesus Cristo, pela ação do Espírito Santo.

“Shalom” é um estado de paz e de bem-estar que os homens desfrutam mediante Sua graça conforme vemos em II Jo 1:3 e II Ts 3:16.

A palavra "Shalom" vem da palavra-raíz "Salam", que significa "estar-bem", "estar completo", "são" e "salvo". É a palavra no Antigo Testamento que descreve, melhor que qualquer outro termo, a compreensão hebraica da saúde total. "Shalom" e outras palavras relacionadas, tais como "Shalem", "Shelem" e suas derivadas estão entre os mais importantes termos teológicos do Antigo Testamento. Para o hebreu, a saudação "Shalom" implicava integralidade, totalidade, e um desejo de que os que estavam sendo saudados tivessem saúde física e os recursos espirituais para preencher as suas necessidades em todos os níveis. A ação salvífica de Jesus traz o homem de volta à integralidade:
  • paz com Deus;
  • paz consigo mesmo;
  • paz com os homens,
  • paz com a natureza criada.

Desejar "Shalom" a alguém implicava numa bênção – II Sm 15:27.

Não desejar "Shalom" implicava o oposto, uma maldição – I Rs 2:6.

No Novo Testamento, paz ganha sentido completo. Ela é decorrência da graça de Deus em nós. É fruto da ação salvífica completa de Jesus Cristo, operada em nós através do Espírito Santo, pelo amor do Pai.

A graça opera através do poder do Espírito Santo, o qual convence, converte, favorece a fé, regenera, santifica e glorifica. Quando expressamos essa saudação, estamos fazendo uma profissão de fé declarando nossa submissão a Cristo; que estamos no processo de desenvolvimento progressivo da santidade; sendo transformados por Seu amor; desejando ao próximo esse estado de integralidade.

Deveríamos usar como padrão essa forma de saudação entre nós. Não por uma formalidade religiosa, mas pela consciência de que mesmo não sendo merecedores, somos destinatários dessa graça e conseqüente paz!

Por isso, GRAÇA E PAZ!

Roupa nova e anel no dedo

"Mas o pai disse a seus servos: Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam nele. Coloquem um anel em seu dedo..." – Lc 15:22 (15:11-24)


Certamente, essa é uma das mais conhecidas passagens das Escrituras. Muito já se falou dela. É, também, uma história que se repete todos os dias.

Mas, gostaria de chamar a atenção para a reação do pai, diante da ausência e da volta do filho. Não sabemos o tempo que esse episódio tomou, mas podemos imaginar que poderia ter levado meses, ou anos. E o pai esperava ansiosamente por ele.

Enquanto o filho esteve à sua própria sorte, desfrutando do controle de sua vida, preocupando-se em satisfazer suas paixões mais vis, o pai esperava por ele à porta, em prontidão para recebê-lo no momento em que ele surgisse na estrada.

A derrocada do filho levou-o a ponto de ser rebaixado ao nível mais baixo considerado pelos judeus, o de cuidador de porcos. Era considerado um espúria, impuro moral e cerimonialmente. Algo que expressava sua baixa auto-estima, desrespeito e desprezo. O pecado o levara à mais completa mendicância, desespero e tristeza.

O pai não foi em busca do filho, nem enviou uma comitiva para trazê-lo de volta. Ele esperou. E foi uma espera sofrida. Dia após dia, noite após noite. Ele sofreu, chorou, preocupou-se, prostrou-se, alimentou-se mal, não pensou em outra coisa, caiu de joelhos em oração, esperou. Até que chegou o momento em que o avistou, à distância. Seu coração acelerou-se e, com a respiração ofegante, saiu em disparada em direção ao filho.

O texto diz que "...compadecido dele, correu..." (vs. 20). O vocábulo grego que significa "ser movido de compaixão", é formado do substantivo que significa "intestinos", ou "ventre". Os antigos pensavam serem os intestinos a sede das emoções (uma interpretação metafórica), da mesma maneira que os idiomas modernos usam a palavra "coração".

O pai reconheceu o filho a despeito de sua desfiguração, de seus trapos, de sua aparência abatida, de sua imundície, de seu aspecto repugnante, de sua vergonha e humilhação. Ele correu, movido por uma alegria esfuziante e o abraçou e o beijou. Segundo a gramática grega indica, o pai beijava seu filho repetida e fervorosamente.

Ele não se importou com as posses perdidas, com a desobediência e empáfia do filho. Ele se alegrou porque o filho estava de volta em casa.
  • O pai aguardava o filho incansavelmente
  • A visão do filho maltrapilho acendeu-lhe grande compaixão
  • Ele correu em direção ao filho ignorando a dignidade paterna oriental
  • Ele abraçou e beijou o filho não pedindo explicações
Suas atitudes demonstram um amor incondicional, disposto a perdoar e acolher o filho a despeito de todo o resto.

Os servos, pela ordem do pai, tiraram os trapos e vestiram o filho com as melhores roupas. No grego a expressão indica um traje muito fino e principesco, da cabeça aos pés, o tipo de veste usada por pessoas ilustres e de importância, para ocasiões especiais. A veste significa honra, reconhecimento, exaltação. É a mesma "veste de louvor" citada em Isaías 61:3: veste de justiça, da nova vida imortal, da participação na vida e na glória de Cristo, em que os crentes assumem a posição de reis e sacerdotes, filhos de Deus conduzidos à glória. Tudo isso faz contraste com os trapos, que simbolizam seu estado de pecado, a humanidade perdida, o homem isolado de Deus. Em contraposição, o estado do filho exaltado pelas vestes novas, produz no pai o regozijo.

O anel de ouro, símbolo de autoridade e indicação de distinção e riqueza dado a um filho, era sinal de favor ou afeto e, nesse caso, indica o amor incondicional do pai.

O filho chegara descalço, como se fora um escravo, pois os escravos não usavam calçados. Assim, encontramos os três símbolos de liberdade e honra: as vestes, o anel e as sandálias, indicando o que era fruto de perfeita reconciliação com o pai.

E, para completar, o pai mandou preparar um banquete e uma grande festa. O novilho cevado indica que tal desprendimento só se torna possível mediante a obra expiatória de Jesus Cristo, em favor de seu povo.

O filho que estava morto, fala do homem que está espiritualmente morto, mas que agora vive. Deus é a origem de toda a vida e estar separado do Pai significa a morte espiritual eterna. Mas, ali, o filho estava de volta à vida, reconciliando-se com o pai.

A figura do Pai Eterno está expressa nessa parábola. O Pai que recebe e acolhe o filho pecador, em estado indigno, o recebe como é e como está. Ele não olha a aparência externa, mas vê o coração. Ele não se atenta para o rigor dos protocolos, mas enxerga a disposição e as intenções.

Quantas vezes nos afastamos da casa do Pai? Quantas vezes essa parábola se repete na realidade da vida? Pode ser que um filho, na vida real, não se afaste do Pai como o filho da parábola, pedindo "o que tem de direito" para desfrutar a vida. Mas, muitas vezes saímos da casa do Pai buscando nossos interesses, movidos por motivações egoístas e valores efêmeros. E o Pai espera por nós, pois a Palavra diz que Ele "...amou tanto ao mundo, que mandou o Seu filho..." para nos resgatar do inferno dos nossos corações e do desatino da nossa alma. O Pai está lá. Esperando. E, assim que voltamos envergonhados e cabisbaixos por cedermos repetida vez ao nosso encanto pelo que não tem valor, Ele corre em nossa direção com alegria esfuziante, e nos abraça, e nos beija e faz uma grande festa.

Essa é a atitude do Pai que se compadece de nossa loucura e nos acolhe em amor.

Um trecho do cântico "Dia de Festa", de autoria do Pr. Gerson Borges, que corre as comunidades cristãs pelo Brasil, diz: 
Na casa do Pai há abundância de alegria,
Na casa do Pai há segurança e proteção,
Na casa do Pai eu vejo tudo o que não via,
Longe do pecado, da minha ilusão.
A casa do Pai é o melhor lugar do mundo,
A casa do Pai: casa de oração.
A casa do Pai é anel no dedo, pão e vinho,
A casa do Pai é o nosso próprio coração.