Daniel Belmont | impressões
Chamo este blog de Impressões, pois nele quero compartilhar o que tem sido gravado em meu caráter pelo meu caminhar com Deus, minhas percepções das Escrituras, minha visão de Reino e meu entendimento do que é ser Igreja de Jesus Cristo.
terça-feira, 1 de novembro de 2016
Pensando na Reforma
Importante entendermos que ela não trouxe uma nova doutrina. Pelo contrário, ela propôs um retorno à doutrina dos apóstolos, ao Evangelho de Jesus Cristo que se perdera pela desfiguração causada pela igreja romana. A reforma precisa continuar sendo feita hoje, ao revermos a teologia que fazemos em nossas igrejas, em nosso contexto, e a teologia feita por Cristo na Galiléia. Como disse René Padilla, "a teologia deve ser feita com poeira nas sandálias", numa alusão à teologia feita por Jesus em suas andanças pela Galiléia e Palestina. Enquanto caminhava e pregava o Evangelho do Reino, Ele curava, libertava, recebia a todos com atenção, respeito e carinho. A nossa teologia deve ser assim: enquanto estivermos caminhando, vamos fazendo discípulos de Jesus de Nazaré. A reforma continua sendo feita hoje e sempre, até "aquele dia", quando poderemos desfrutar pessoalmente da presença de Deus, separados de toda forma de mal. Baseados no legado deixado pelo Filho de Deus.
quarta-feira, 31 de agosto de 2016
Suspirar por Deus
“Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por Ti, ó Deus, suspira a minha alma.” Sl 42:1
Suspirar por Deus é não ter nada mais importante do que Ele na vida. É um anseio vital. Uma necessidade urgente que não é saciada por nada nem por ninguém, senão pelo Criador. É o preenchimento do vazio deixado na criatura que somente pode ser ocupado por Ele e que, sem isso, a vida nunca será plena.
Suspirar por Deus é esperar ansiosamente por esse encontro, que faz com que as circunstâncias da vida sejam menores e os medos percam seu poder. É o saciar da sede da comunhão, da compaixão, do amor, de olhar a vida em outra perspectiva, de propagar através do viver a importância dos valores eternos.
Suspirar por Deus é caminhar na direção do outro, convidando-o a fazer parte da mesma jornada. É não andar através dos olhos, mas por meio da fé e, por ela, deixar marcas de vida por onde se passa. É saciar a sede nos momentos conflituosos entre a tristeza e a alegria, a dúvida e a fé, o medo e a segurança do refúgio.
Suspirar por Deus é reconhecer que Ele é Deus, bem perto, ao lado, interessado, chegado, do peito, de todas as horas, de qualquer hora. É deixar que Seu amor traga sentido à existência e que viver vale a pena.
© 2016 - Daniel Belmont
sábado, 30 de julho de 2016
A oração nos humaniza
Há algum tempo o pastor Ed René Kivitz, pregando sobre a oração, disse: "Nós oramos para nos humanizarmos". O peso destas palavras é brutal. Remete ao rompimento da relação do homem com Deus e à perda, quase que completa, do imago dei – a imagem e semelhança com Deus. Imagem que ficou distorcida, ofuscada, pela alienação causada pelo pecado, ou, pelo fato do homem ter escolhido seguir seu proprio caminho.
Quanto mais o homem se distancia de Deus,
mais a imagem de Deus se desfigura nele.
O homem se bestializa, se dessensibiliza, se endurece. É como uma pessoa
que vai perdendo a memória e sua identidade se esvai, até se extinguir.
Mas, quando nos aproximamos do Senhor
algo começa a mudar em nós. Quanto mais nos relacionamos com Ele, mais
assimilamos a Sua forma, o Seu caráter e gradativamente sua essência toma lugar
em nossa vida.
A oração nos humaniza, porque nos
aproxima de Cristo em Sua humanidade, na qual somos conformados a ponto de o
humano ser absorvido pelo divino, das coisas velhas em nós perderem o sentido e
assumirmos, cada vez mais, nossa nova identidade nEle.
Orar, interagir, relacionar-se com o
Criador é voltar à origem, ao plano inicial, nos distanciando do Adão e nos
aproximando do Cristo.
A oração nos torna humanos como Cristo,
homem, cheio de misericórdia, compaixão, amor solidário, frutos da relação com
o Espírito do Pai.
"E todos nós, que com a face descoberta contemplamos
(refletimos) a glória do Senhor, segundo a Sua imagem estamos sendo
transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o
Espírito." II Co 3:18
"E não se amoldem ao padrão deste mundo, mas
transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de
experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." Rm
12:2
"...até que Cristo seja formado em vocês." Gl 4:19
"...até que todos alcancemos a unidade da fé e do
conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da
plenitude de Cristo." Ef 4:13
"...a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se
do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade
provenientes da verdade." Ef 4:23,24
domingo, 26 de julho de 2015
O valor da vida
Há dois princípios básicos a respeito do valor da vida.
Nós fomos feitos segundo a imagem e semelhança de Deus. Não na forma ou aparência, mas na capacidade de raciocinar, de agir voluntariamente; na capacidade de nos relacionarmos com Ele em proximidade, intimidade e comunhão. Carregamos algo dEle em nós.
Quando Ele criou os animais, todas as
espécies passaram a existir pelo comando da Sua voz. Mas, ao fazer o homem,
Deus o criou a partir do barro, dando-lhe forma como um escultor que cria uma
obra prima, ou um poema, como disse o apóstolo Paulo. Ele deu algo de Si ao
homem, quando lhe soprou nas narinas o fôlego de vida.
Ao soprar-lhe vida, deu-lhe, também, a
capacidade de escolha, para que ele pudesse escolher relacionar-se por vontade própria
com o Criador. Mas, o homem escolheu seguir seu próprio caminho, de acordo com
seu interesse. Assim, rompeu o elo de ligação com Deus e ficou à mercê de um
outro deus, que o subjugou, que o escravizou, que o condenou à morte. Essa foi
a herança deixada pelo primeiro homem, quando abriu a porta de tudo o que era
"não Deus".
O segundo princípio traz luz e esperança
aos herdeiros da morte. Deus, em Sua infinita bondade e misericórdia, proveu um
caminho de volta à vida. Era necessário que o homem pagasse sua dívida para a
morte, e para que isso não ocorresse, Deus enviou seu Filho, Jesus Cristo, para
assumir essa dívida no lugar do homem, levando sobre Si a culpa que era devida
desde Adão.
Assim, o homem foi resgatado, foi pago um
alto preço, a nota promissória que lhe era contrária foi saldada e exposta em
lugar público, para que todos pudessem ver que não havia mais nenhuma
condenação. Cristo morreu, mas a morte não pode retê-Lo, pois, Ele, não tinha
do que ser acusado. Por isso, Ele voltou à vida, venceu a morte e abriu um
caminho de volta a Deus Pai. Basta ao homem no seu coração crer e com a boca
confessar que Jesus Cristo é o Senhor, para receber de volta a vida perdida.
Por isso a vida tem valor.
sábado, 4 de abril de 2015
O amor de Deus: uma história com final feliz!
Falar do amor de Deus é falar da história
do homem. Desde a eternidade, quando Deus decidiu criar um ser para com ele
relacionar-se, teve início uma história de amor que tem atravessado o tempo e
inúmeras gerações, em direção à posteridade.
Ele criou o homem com Suas mãos, como um
escultor que faz uma obra de arte. O apóstolo Paulo, em sua carta aos Efésios
2:10, diz: "Porque somos criação de Deus...". A palavra grega
utilizada como criação foi "poíema", que significa "uma obra de
arte" ou um "poema" (essa palavra grega deu origem à palavra
"poema" em português). Esse poema divino era uma história que
começava a ser escrita. E continua até hoje.
E, quando essa obra de arte ficou pronta,
Deus fez algo ainda mais maravilhoso. Ele deu algo de Si a ela: soprou em suas
narinas. Nesse momento a obra de arte deixou de ser uma escultura, um boneco,
para ser o homem – um ser criado à imagem e semelhança de Deus, não na
aparência física, mas na essência, no Seu caráter, na Sua vida, na capacidade
de raciocinar, expressar emoções e agir voluntariamente. A capacidade de
relacionar-se com Deus.
O homem recebeu uma porção de Deus em si,
por isso, há algo do Sagrado em nós. Nós não fomos feitos para a morte. Fomos
criados para vivermos em comunhão plena com Deus.
Ele criou o homem dando-lhe poder e
autoridade para realizar escolhas, para que esse relacionamento fosse pautado
por vontade própria e não por imposição. Mas, o homem decidiu seguir o seu
próprio caminho, voltar suas escolhas aos seus interesses. Assim, ele quebrou a
comunhão com Deus, saiu de Seu senhorio, ficando à mercê do senhorio de um deus
que o subjugou, que o escravizou e o condenou a toda forma de morte – moral,
ética, relacional, física, emocional e espiritual.
Então, Deus, em Sua misericórdia e amor,
disponibilizou um caminho de volta à vida, através de Jesus Cristo. Foi
necessário um resgate, um preço a ser pago. Somente Um que não estava preso à
morte e à condenação poderia saldar a dívida contraída pelo pecado.
Por isso, Jesus voluntariamente se
entregou, assumindo essa dívida por nós. Paulo referiu-se a isso como uma nota
promissória que foi paga e exposta publicamente para que todos soubessem que
nenhuma acusação ou dívida poderia mais ser cobrada. Ele pagou com Sua vida
para que nós pudessemos ter vida, e fez isso por amor.
Assim, nossa comunhão com o Pai foi
restaurada, a imagem e semelhança restituída, recebemos uma nova humanidade em
Cristo baseada nesse amor.
O profeta Isaías registrou sobre Jesus: "Certamente
ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças,
contudo nós o consideramos castigado por Deus, por ele atingido e afligido. Mas,
ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa
de nossas iniqüidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas
suas feridas fomos curados." (Is 53:4,5)
E a história não para aí. A morte não
pôde retê-Lo, pois não havia do que ser acusado. Ele venceu a morte e voltou à
vida! A vitória foi tão maravilhosa e completa que Ele expôs o inimigo e a
morte à vergonha pela derrota, como faziam os exércitos vencedores ao entrarem
com pompa e glória pelas portas da cidade, trazendo o inimigo despido e
acorrentado.
Jesus Cristo foi elevado ao céu, recebeu
glória, é digno de receber honra e poder, está ao lado do Pai e logo voltará
para buscar sua igreja e com ela reinar. Todo o joelho se dobrará diante dEle,
dizendo: Jesus Cristo é Senhor! Com Ele viveremos, pra sempre.
quarta-feira, 4 de março de 2015
Digam a Arquipo
"Digam a Arquipo: cuide em cumprir o ministério que você recebeu no Senhor." Cl 4:17 – NVI
Paulo
escreveu a breve carta à igreja em Colossos, quando estava em prisão domiciliar
em Roma. Ele exorta os irmãos que estavam adotando práticas estranhas ao
Evangelho, pois, eles mantinham a observância dos rituais judaicos, numa
mistura da tradição do judaísmo com o nascente cristianismo. Ele também
advertiu a igreja contra o culto, ou adoração, aos anjos, provavelmente
influenciados pelo misticismo judaico, resultado da influência dos povos com os
quais Israel se misturou. E, ainda, sobre as heresias do pensamento gnóstico –
um misto de filosofia e religião – que pregava que a salvação do homem se dava
pelo conhecimento místico, através do qual, o homem encontrando a centelha
divina de sua natureza, reencontra-se consigo mesmo e com seu significado no
mundo.
Paulo
rebate essas distorções e heresias dizendo que Jesus é o Deus Encarnado, o Deus
do Antigo Testamento, o Deus da criação, o Deus dos Patriarcas. Paulo apresenta
no capítulo 1:15-20 o que acredita-se ser um cântico corrente entre as igrejas,
que traz uma doxologia a respeito de Jesus e sua divindade, um dos textos mais
maravilhosos das Escrituras. Que nEle "habita corporalmente toda a
plenitude da divindade" (2:9). Que em Jesus "estão escondidos todos
os tesouros da sabedoria e do conhecimento" (2:3) e que aquele que adora a
anjos não está unido à Cabeça do corpo, que é Cristo (2:18,19). Foi por esse
contexto da igreja que o apóstolo escreveu sua carta.
E
ele termina mandando um recado a um homem chamado Arquipo. Além dessa
referência, outra está registrada na carta a Filemom. Logo no início Paulo cita
Arquipo, demonstrando um grau de importância ou relevância hierárquica na
comunidade. Fala dele como "companheiro de lutas", o que denota sua
ativa participação como ministro e líder.
Paulo
chama a atenção de Arquipo, em tons de exortação. Se Arquipo era um líder na
igreja, sua responsabilidade era ainda maior no sentido de tomar uma posição
quanto às práticas heréticas que ali estavam ocorrendo. Não que ele fosse
conivente, mas talvez displicente. Ele havia recebido uma comissão do Senhor
que, pelo que entendemos, não estava sendo cumprida.
O
tempo verbal imperativo utilizado por Paulo nos mostra a urgência. Paulo não
pediu que ele visse o que estava acontecendo, ou que se fosse possível, ou que
se ele tivesse tempo para fazê-lo. "Cuide", significa "trate
de", "faça". Não é opcional.
E,
aí, pensamos: será que eu estou cumprindo o ministério para o qual o Senhor me
chamou?
Sabemos
que "ministério" significa "serviço". Então, qual é o
serviço para o qual Deus me comissionou a fazer, que não estou cumprindo?
Ministério está ligado ao serviço aos santos e aos dons destinados à
edificação.
Todos
que fazem parte do corpo, tem função específica; se essa função não é exercida,
o funcionamento do corpo fica comprometido. Deus conta com nossa participação
nesse processo funcional.
Quero
fazer desse recado a Arquipo, um recado a nós. Existe algum ministério que você
recebeu de Deus que está "adormecido"? Será que você está protelando
algo que já deveria estar em atividade?
sábado, 14 de fevereiro de 2015
Evangelho e ação
Não há Evangelho, se não houver ação. A comissão dada por Jesus aos discípulos foi: partam, e por onde forem, sejam meus agentes deixando um rastro de vida pelo caminho. Esta é a base do amor de Deus, não fundamentado em sentimentos, mas em obediência e ação. Assim foi Jesus, homem, obediente até a morte, conforme nos fala Paulo, em sua carta aos Filipenses 2:8. E é isso que nos fala o Evangelho do Reino, que não se faz na clausura, vai além das paredes dos templos. É na rua, no chão do sofrimento alheio, na desesperança do cansado, na busca do sedento. Quantos estão assim? Basta olhar ao lado. Evangelho que não barganha, que não faz concessões, que não tem o errado pelo certo, que não se amolda aos modismos, que olha para a cruz. Ser discípulo de Jesus não é confortável; somos incomodados a agir, impelidos para além das "zonas de conforto", em favor do outro. Qualquer pensamento contrário, faz parte das "doutrinas estranhas". Você é discípulo de Jesus? Então, vá. E pelo seu caminho faça outros discípulos de Jesus, através do rastro de vida que você vai deixar. Evangelho é isso: a boa nova, a grande notícia de que a vida está entre nós, disponível a nós, operante em nós e agente através de nós.
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